sexta-feira, 22 de maio de 2009

O Perdão

Cantar uma canção amiga
Para quem tem amigos para cantar
Que aos ouvidos surdos
O canto não "mudo"irá curar

A amizade não é um nó é um laço
Para ser desfeito e refeito
Dentro de sincera causa
Ou mesmo explosão emotiva

Pois que na amizade
Os erros trazem acertos
Que permitem amar
Acima de qualquer razão
E para tudo conhecer
A palavra perdão.

Andlusan 23-11-1988

Anjo contento

Ao olhar nos seus olhos
Vejo o sorrir
De outros belos mundos

Ao olhar nos seus olhos
Vejo surgir
A pérola viva de vida e canção

Ao olhar nos seus olhos
Miro o futuro certo
De maravilhas e paixão

Ao olhar nos seus olhos
Me encanto
No tanto
Em que o pranto
Jamais irá alcançar

Pois o martírio será heróico
O choro de alegria
O real como a mais bela fantasia

Já que ao lamento
Temos o nosso amor
Como um anjo
Chamado contento.

Andlusan 30-10-1988

Vazio

Sabe o que é ser vazio?
Se sentir oco por dentro?
O peito implodindo
No silêncio do cio
Que reje o desencontro
À tudo que se deseja criar
E só se vê fugindo?

Sabe o que é ser vazio?
É alimentar o fogo;
Fomentar tempestades.
E só ter estio
Ou da recíproca devasta
Ver casta
O que deseja incasta.

Sabe o que é ser vazio?
É não ter
O que se sabe que tem;
É ter de ser
Justo o contrário do bem;
Prender um coração
Que nasceu para ser vadio
Como a canção.

Sabe o que é ser vazio?
É ter o doce à boca
E só sentir o armago;
É ter sempre do cigarro
O último trago;
A casa como toca.

Sabe o que é ser vazio?
É omitir o poema;
Destruir o poeta;
Rasgar o fardão;
Quebrar a pena;
Dobrar a reta;
Alcançar horizontes,
Que continuam distantes
De antes, de antes
Das gentes...

Sabe o que é ser vazio?
É claro que sabe!
Pois que também tem
Desejo e sede
De beber remédios e venenos
Fortes ou amenos
Para curar a ferida
Ou supurar de vez;
Ser a mocinha do amor
Ou flor bandida
Ou talvez...
Ou talvez não:
Roi a corda
Fecha a mào...

Ou talvez...
Ou talvez sim,
Seja assim
Só a bonança.
Não suspire desvairada.
Mas, encantada ainda
Com algo que não encanta,
De que adianta?

Não volta a primeira vez
No brilho ou no cheiro da tez...

Quando o beijo morde;
O abraço enforca...
Se antepor a razão
É de ante mão
Cair em contradição.

Andlusan em 1988